Flatulência: desvendando os gases intestinais e como lidar com eles
- Erica Paiva
- 27 de ago.
- 3 min de leitura
A flatulência, mais conhecida como gases intestinais, é uma parte natural e inevitável do processo digestivo humano. Embora seja uma função corporal comum, muitas vezes é cercada por constrangimento e desconforto. No entanto, entender suas causas, sintomas e formas de manejo pode ajudar a aliviar tanto o desconforto físico quanto o social. Neste post, vamos desmistificar a flatulência, explorar suas origens e oferecer dicas práticas para um convívio mais tranquilo com ela.

O que é flatulência e por que acontece?
A flatulência é o resultado da liberação de gases acumulados no trato gastrointestinal. Esses gases são produzidos principalmente de duas maneiras:
Ar engolido (aerofagia): Ao comer, beber ou até mesmo falar, engolimos pequenas quantidades de ar que podem se acumular no estômago e serem liberadas através de arrotos ou, se descerem para o intestino, como flatos.
Fermentação bacteriana: A maior parte dos gases intestinais é produzida quando as bactérias presentes no intestino grosso fermentam carboidratos não digeridos (como fibras, açúcares complexos e amidos) que não foram absorvidos no intestino delgado. Esse processo cria gases como hidrogênio, metano e dióxido de carbono.
As principais causas da flatulência
Diversos fatores podem influenciar a quantidade e o odor dos gases produzidos:
Alimentos ricos em fibras e carboidratos complexos: Brócolis, feijão, lentilha, couve-flor, repolho, cebola, alho, maçãs, peras e cereais integrais são exemplos de alimentos saudáveis, mas que contêm carboidratos difíceis de digerir, resultando em maior fermentação bacteriana.
Alimentos com açúcares específicos: Lactose (presente no leite e laticínios), frutose (encontrada em frutas e xaropes) e sorbitol (adoçante artificial) podem causar gases em pessoas com intolerâncias.
Bebidas carbonatadas: Refrigerantes, água com gás e cerveja introduzem dióxido de carbono no sistema digestivo.
Hábitos alimentares: Comer rapidamente, falar enquanto come, mascar chiclete e chupar balas podem aumentar a ingestão de ar.
Condições médicas:
Síndrome do Intestino Irritável (SII): Condição crônica que afeta o intestino grosso, causando dor abdominal, inchaço e alterações no hábito intestinal.
Intolerâncias alimentares: Como a intolerância à lactose ou ao glúten (doença celíaca).
Supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO): Crescimento excessivo de bactérias que normalmente vivem no intestino grosso.
Doença inflamatória intestinal (DII): Como Doença de Crohn e colite ulcerativa.
Constipação: O acúmulo de fezes no intestino pode dificultar a passagem dos gases.
Medicamentos: Alguns medicamentos podem ter a flatulência como efeito colateral.
Disbiose intestinal: Desequilíbrio entre bactérias "boas" e "ruins" no intestino.
Quando a flatulência pode ser um sinal de alerta?
Embora a flatulência seja comum, em alguns casos, pode indicar um problema de saúde subjacente. Procure um médico se os gases vierem acompanhados de:
Dor abdominal intensa e persistente.
Perda de peso inexplicável.
Sangue nas fezes.
Alteração significativa e duradoura no padrão de evacuações (diarreia ou constipação frequente).
Náuseas e vômitos recorrentes.
Fezes pálidas, gordurosas ou com odor muito forte.
Como prevenir e gerenciar o excesso de gases
Felizmente, a maioria dos casos de flatulência excessiva pode ser controlada com algumas mudanças simples no estilo de vida e na dieta:
Observe sua dieta:
Diário alimentar: Anote o que você come e quando sente gases. Isso pode ajudar a identificar alimentos desencadeadores.
Reduza alimentos problemáticos: Diminua o consumo de feijão, brócolis, couve, cebola, bebidas gaseificadas e laticínios (se suspeitar de intolerância à lactose).
Cozinhe bem os alimentos: A cocção adequada pode tornar alguns vegetais mais fáceis de digerir.
Experimente uma dieta de baixo FODMAP: Se as mudanças básicas não ajudarem, consulte um nutricionista para explorar essa dieta, que restringe carboidratos fermentáveis.
Mude seus hábitos alimentares:
Coma devagar: Mastigue bem os alimentos e evite engolir ar.
Não fale enquanto come: Isso também pode fazer você engolir mais ar.
Evite chicletes e balas duras: Eles aumentam a ingestão de ar.
Pare de fumar: Fumar introduz ar no sistema digestivo.
Remédios sem prescrição:
Alfa-galactosidase (ex: Beano): Enzima que ajuda a digerir carboidratos complexos em alimentos como feijão.
Simeticona (ex: Luftal): Ajuda a quebrar as bolhas de gás, aliviando o inchaço.
Carvão ativado: Pode absorver gases, mas seu uso deve ser cauteloso, pois pode interferir na absorção de medicamentos.
Probióticos: Suplementos que contêm bactérias benéficas podem ajudar a equilibrar a flora intestinal e reduzir a produção de gases. Consulte um profissional de saúde antes de iniciar.
Hidratação: Beba bastante água para auxiliar a digestão e prevenir a constipação.
Exercício físico: A atividade física regular ajuda a mover os gases pelo trato digestivo e alivia o inchaço.
Controle do estresse: O estresse pode afetar a digestão e agravar os sintomas gastrointestinais. Pratique técnicas de relaxamento.
Conclusão
A flatulência é uma ocorrência normal e, na maioria das vezes, inofensiva. Ao entender suas causas e adotar estratégias de prevenção e gerenciamento, você pode reduzir o desconforto e melhorar sua qualidade de vida. Lembre-se, se os gases forem acompanhados de sintomas preocupantes ou se as mudanças no estilo de vida não forem eficazes, não hesite em procurar orientação médica para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado. Sua saúde digestiva é fundamental para o seu bem-estar geral!